O VALOR DAS RIQUEZAS – As leituras deste domingo põem o cristão perante o uso dos bens. Ao ler-se o Evangelho tem-se a impressão de que Jesus está a elogiar a infidelidade do administrador que, com habilidade, consegue recursos para sobreviver depois da perda do trabalho que o senhor lhe confiara. Não é, porém, assim. Jesus diz claramente que ninguém pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro. Ou serve Deus, desprezando o dinheiro, ou cultiva o dinheiro acabando por perder o sentido de Deus. A grande questão que se coloca neste Evangelho, consiste em saber como se administram os bens que Deus a cada um concedeu. O Concílio fala claramente no destino universal dos bens pelo que ninguém é proprietário daquilo que tem, sendo apenas seu administrador. Ao utilizar os bens materiais tem que ter em conta as necessidades dos outros, para poder fazer da administração uma gestão da solidariedade necessária. Ao lidar com os bens da terra, o cristão é solidário com todos os pobres, os carenciados, os que sofrem. Esta parábola do administrador infiel, é um convite a vencer os egoísmos e a abrir o coração à generosidade para com todos.
É neste contexto que se compreende a profecia de Amós. É uma interpelação aos ricos, definindo com clareza o porquê e para quê da riqueza de cada um. Os bens não podem nascer da exploração dos mais pobres, do desprezo dos humildes, da corrupção perante as responsabilidades sociais. Amós adverte que Deus está atento à forma como cada um administra os seus bens. Deus adverte que não esquecendo o que está errado, condenará a arrogância, a exploração, o mau uso dos bens, a avareza, tudo o que leva ao desprezo de quem trabalha e de quem sofre.
No Código das Bem-Aventuranças proclamado na Montanha, Jesus começa por dizer: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre”. De facto, todos têm os seus bens, não podem é estar presos a eles. Tudo o que se tem é um dom de Deus. Administrá-lo convida a repartir. Pôr os bens ao serviço dos outros, sobretudo dos mais pobres, é dever primordial dos cristãos. O cristão tem consciência de que nada lhe pertence, por isso, aprende com alegria a repartir, sabendo que a preocupação com os outros constitui a expressão mais clara da caridade. Relativizar a riqueza é desafio cristão.
Monsenhor Vitor Feytor Pinto **************************************************
«NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO»
(Lc 16, 13)
I LEITURA – Am 8, 4-7
O profeta Amós escandalizado com as fraudes dos ricos, insurge-se contra este vergonhoso procedimento.
Leitura da Profecia de Amós
Escutai bem, vós que espezinhais o pobre e quereis eliminar os humildes da terra. Vós dizeis: «Quando passará a lua nova, para podermos vender o nosso grão? Quando chegará o fim de sábado, para podermos abrir os celeiros de trigo? Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas. Compraremos os necessitados por dinheiro e os indigentes por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo». Mas o Senhor jurou pela glória de Jacob: «Nunca esquecerei nenhuma das suas obras».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 112 (113), 1-2.4-6.7-8 (R. cf. 1a.7b)
Refrão: Louvai o Senhor, que levanta os fracos. Repete-se
Ou: Louvai o Senhor, que exalta os humildes. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Louvai, servos do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre. Refrão
O Senhor domina sobre todos os povos,
a sua glória está acima dos céus.
Quem se compara ao Senhor nosso Deus,
que tem o seu trono nas alturas
e Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra? Refrão
Levanta do pó o indigente
e tira o pobre da miséria,
para o fazer sentar com os grandes,
com os grandes do seu povo. Refrão
II LEITURA – 1 Tim 2, 1-8
S. Paulo recomenda a oração por todos os homens e em especial por todos os que estão constituídos em autoridade, para que, por eles, todos pudessem viver na justiça e na paz terrenas e se concretizasse a vontade do Pai.
Leitura da Primeira Epístola do Apóstolo S. Paulo a Timóteo
Caríssimo: Recomendo, antes de tudo, que se façam preces, orações, súplicas e acções de graças por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para que possamos levar uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador; Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou à morte pela redenção de todos. Tal é o testemunho que foi dado a seu tempo e do qual fui constituído arauto e apóstolo – digo a verdade, não minto – mestre dos gentios na fé e na verdade. Quero, portanto, que os homens rezem em toda a parte, erguendo para o Céu as mãos santas, sem ira nem contenda.
Palavra do Senhor.
ALELUIA – 2 Cor 8, 9
Refrão: Aleluia. Repete-se
Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre,
para nos enriquecer na sua pobreza. Refrão
EVANGELHO – Forma longa – Lc 16, 1-13
As parábolas da exigência. O Administrador infiel.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Um homem rico tinha um administrador, que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar’. O administrador disse consigo: ‘Que hei-de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho força, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei-de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’. Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’. Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes. Ora Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedica a um e despreza o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».
Palavra da salvação.
EVANGELHO – Forma breve – Lc 16, 10-13
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedica a um e despreza o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».
Palavra da salvação.